domingo, 15 de fevereiro de 2009

O gato


Dentro dos dilemas iniciais da quântica temos a famosa experiência do gato de Schrödinger, outro ponto que deixou a galera com os cabelos em pé. Como pode um gato pode sobreviver a uma crueldade dessas? Mas vamos lá, seguindo o protocolo experimental você vai precisar de materiais simples encontrados no seu próprio quintal (isso se morar em Goiânia):

-1 gato (pode ser daquele visinho chato)

-um pouco de material radioativo

-gás venenoso (o mais letal possível para evitar o sofrimento do bichano)

-aparato mecânico da caixa conforme figura

-luvas e roupa adequada (o gato pode ficar meio violento)

O experimento consiste em, depois de muita briga para colocar o gato dentro da caixa e as devida autorizações do órgãos de proteções dos animais, simplesmente com muita paciência aguardar, pois dentro da caixa temos o aparato mecânico que libera o veneno a partir do momento que o material radioativo sofre decaimento.

Se o evento acontecer, o gato estará morto, mas se por acaso não for emitido nenhuma partícula do material radioativo, o gato permanecerá vivo, mas o grande detalhe foi o seguinte, o gato dentro da caixa está vivo ou morto?

O autor de tal malvadeza com os pobres gatinhos foi o célebre físico Erwin Schroedinger que o propõe para ilustrar o Princípio da Superposição da mecânica quântica, mas tenhamos calma, nenhum animal se feriu nessas aulas, pois os físicos são bem inteligentes, fazemos isso apenas com experiências mentais, talvez também por não se dar muito bem com esses bichinhos.

Então vamos analisar os possíveis resultados. Existe uma pequena probabilidade do decaimento radioativo e o gato morrer. Segundo a Mecânica Quântica, após você colocar o gato na caixa, é possíveis apenas dois estados quânticos: OU | vivo > OU | morto >. No caso do experimento de dupla fenda, temos que o nêutron pode passar pela fenda A ou pela fenda B. Cada uma dessas possibilidades representa também um estado quântico | yA > = nêutron passando pela fenda A e | yB > = nêutron passando pela fenda B. À interferência ocorre porque a onda associada ao nêutron – tal qual a luz no experimento de Young – passa por ambas as fendas. Assim, | yA > interfere com | yB > e o que acontecerá com o nêutron após passar pelas fendas dependerá da interferência entre os estados. Da mesma forma, o que acontecerá com o gato dentro da caixa, dependerá de uma interferência entre | vivo > e | morto >. Em outras palavras, o que lhe acontecerá dependerá de uma interação entre dois possíveis acontecimentos futuros, emissão ou não de alguma partícula. De forma compatível com essa consideração, ainda segundo a Mecânica Quântica, o estado quântico do nêutron antes de atingir a placa fotográfica será: | y > = | yA > + | yB >. Da mesma forma, o estado quântico do gato na caixa será | y > = | vivo > + | morto >, ou seja, ele estará vivo e morto ao mesmo tempo. Apesar do absurdo do ponto de vista clássico, é exatamente o que acontece do ponto de vista quântico. Schrödinger muito bem expressou tal fenômeno no seu famoso experimento mental.

Enquanto a caixa estiver fechada, devido ao Princípio da Dualidade (Superposição) deve-se considerar que as duas possibilidades coexistem. Concluindo, nosso estado quântico é constituído de uma soma de todas as nossas possibilidades futuras . Ao ampliarmos nossa consciência, estaremos contribuindo para a construção de nosso futuro. Assim, o futuro não é totalmente “amarrado”, nem há um completo livre-arbítrio sendo o número de possibilidades é limitado.

“Parece estranho e parece estranho e parece muito estranho; mas de repente não parece mais estranho, e não conseguimos entender o que fez parecer tão estranho para começar”

(Gertrude Stein, sobre a arte moderna)

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